A vida sem festas é um longo caminho sem hospedarias.
MORA NA FILOSOFIA - Quantas vezes por dia nós sentimos prazer? Quantas vezes por dia buscamos o prazer? O livro “Arqueologia dos Prazeres”, do professor Fernando Santoro, resgata a discussão originária dos filósofos gregos sobre o tema, que nos encanta e atormenta. Afinal o prazer é um bem, identifica-se com a felicidade ou não? Deve ser perseguido, evitado, controlado? Capaz de dissecar o assunto e demonstrá-lo em aulas fascinantes para platéias cada vez mais numerosas, o filósofo Fernando Santoro nos apresenta um livro original e acessível. Nele acompanhamos, deliciados, o levantamento das teses ontológicas do prazer, sua reação com o repouso e o movimento, com o corpo e o intelecto, com a ação e a paixão. Hedonistas, estóicos, materialistas, cínicos, realistas, idea-listas: entenda como e por que algumas escolas defendem o prazer e por que outras o atacam. Saiba o que pensavam sobre o assunto os primeiros sábios, e como Empédocles, Demócrito, Aristóteles, Platão e Epicuro, entre outros gregos fundamentais, associavam o prazer à beleza e ao desejo.
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Um livro que se lê com muito prazer. Um trecho a seguir...
Um livro que se lê com muito prazer. Um trecho a seguir...
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A Escola Cirenaica foi fundada por Aristipo de Cirene, que acorreu jovem para Atenas atraído por Sócrates. O exemplo de domínio sobre os prazeres, a despeito da medida, inspirou suas ideias e sua conduta. Ademais, aprendeu muito bem a agilidade da palavra, a resposta na ponta da língua, como veremos.
Os cirenaicos estabeleceram sua doutrina especialmente em torno da questão do prazer. Para eles, havia dois estados de alma: o prazer e a dor. Quanto à fisiologia, não lhes interessava o conhecimento da sua constituição para além do que servisse a fruí-lo, entendiam o prazer como um movimento suave e a dor como um movimento brusco, inspirados na teoria das sensações de Anaxágoras. O fim supremo é o movimento calmo que resulta em sensação. Por isso, não acreditavam em prazeres estáticos nem que a calma ou a ausência de dor equivalessem a qualquer prazer. Não faziam nenhuma distinção de valor entre os prazeres. Mesmo que a ação resultante e mgozo fosse vil ou vergonhosa, o prazer não deixava por isso de ser algo bom em si mesmo.
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A fruição do prazer é o bem supremo, e a felicidade é o acúmulo de prazeres isolados ao longo da vida. Nestes estão incluídos os prazeres passados e os futuros, mais como propiciadores de uma boa disposição do que como fruição de lembranças e expectativas, exauridas no tempo e vazias de sentido. Concentravam-se em viver o momento presente. Não calculavam trocar um prazer maior por dores menores no dia seguinte, porque o prazer do dia de hoje é certo e o futuro é duvidoso. A única coisa certa no futuro é a morte, o que justifica ainda mais concentrar as preocupações nas ocupações e sensações presentes.
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