segunda-feira, 8 de junho de 2015

Metafísica e Arte



MORA NA FILOSOFIA - Um dos mais talentosos alunos da turma do Professor Fernando Santoro, do IFCS, é Vanderson Leite. Para ser um filósofo, ou qualquer outra atividade profissional, é preciso ter, não apenas talento, mas, principalmente, vocação. E Vanderson tem vocação para filósofo. Ele escreve e pensa como filósofo. Quem quiser conferir o texto requinatdo de Vanderson Leite basta acessar o seu blog Estudos Filosóficos Modernos Contemporâneo.
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Vanderson já começou a fazer o trabalho recomendado pelo Professor Santoro. Trabalho esse cujo primeiro capítulos nós publicamos a seguir. Leia e curta. 




METAFÍSICA E ARTE - Segundo o capítulo primeiro da Metafísica de Aristóteles o ser humano também vive de arte. Outros animais são incapazes de produzir a arte pelas mesmas faculdades humanas. Assim Aristóteles discrimina o conhecimento racional em três graus. 
A arte envolve raciocínios que por excelência são consubstanciados pela memória, pois é através dela que deriva dos homens a experiência (1), as recordações e o efeito que o complexo emaranhado de noções se fará. A causa para isso se dá na afirmação de que os animais irracionais não podem desenvolver uma arte como os homens a fazem, porque os animais não possuem a faculdade de conservação da experiência e nem podem cultivar imagens. E a arte julga-se como sendo o único caso de juízo universal segundo Aristóteles. Este juízo é relacionado aos casos de experiência humana capazes de proporcionar um efeito por meio de acontecimentos vividos.
A metafísica (2) é o conhecimento da Φισις (natureza). Ela está preocupada com a Oυσια (substância) e a Ἀρχή (origem). Até que ponto a metafísica interfere na arte? Segundo Aristóteles a fonte de inspiração para o artista que utiliza a experiência para produzir arte está na Φισις. Portanto, a experiência do artista é limitada de certo modo pelo princípio metafísico que leva a validade de todos os outros princípios que possam surgir: o belo, o prazer, etc. 
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Entretanto a experiência não difere da arte, pois a experiência é o conhecimento dos singulares e a arte é o conhecimento dos universais; de outra forma é possível compreender que a experiência está relacionada à arte porque em ambas o modus operandi são singulares, ou seja, uma depende da outra. O médico cura o paciente por meio da experiência. O pintor e o escultor têm como objetivo aplicarem em suas obras a experiência transata por imagens. Além disso, não se pode ignorar o universal ignorando o particular nele contido. Ambos são indissociáveis. 
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Portanto, a arte possui um caráter universal. A arte é superior à medicina. Ela é inerente ao homem, já que este possui a faculdade de pensar, mas o homem também possui a capacidade de julgar e conhecer. Isto pode ser demonstrado pelos sentidos (os sentidos ajudam o homem a conhecer); pela ciência (o desejo de saber é natural ao homem); pela memória (o homem tem a capacidade de reter imagens) e pela experiência (aparece com a com a arte e com a ciência como conhecimento particular das causas).
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1 MORA, José Ferrater. p.101. Em Aristóteles, a experiência fica mais bem integrada dentro da estrutura do conhecimento. Para ele, a experiência surge da multiplicidade numérica de recordações; a persistência das próprias impressões é o tecido da experiência à base do qual se forma a noção, isto é, o universal. A experiência é, pois, a apreensão do singular; sem esta apreensão prévia, não haveria possibilidade de ciência. Além disso, só a experiência pode proporcionar os princípios pertencentes a cada ciência; devem observar-se, primeiro, os fenómenos e ver o que são para proceder, depois, a demonstrações. Mas a ciência propriamente dita só o é do universal, o particular constitui o material e os exemplos. Tal como Platão, Aristóteles destaca a importância da experiência na prática.
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2 ABBAGNANO, A. p.660. A Metafísica também é a Ciência primeira, por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que limita a validade de todos os outros.
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