quinta-feira, 20 de outubro de 2016





FILÓSOFO ÉPICO - Xenófanes criticava a representação dos deuses com aspectos físicos e comportamentais parecidos com seres humanos ou mesmo animais. Para ele os deuses eram uma outra coisa. Talvez algo que o pensamento do homem fosse incapaz de imaginar. 
Veja a seguir dois fragmentos da poesia épica de Xenófanes de Colofão.


ELEGIAS (DK 21 B 1-9) 

1. ATENEU, X, 462 C. 

Agora o chão da casa está limpo, as mãos de todos 
e as taças; um cinge as cabeças com guirlandas de flores, 
outro oferece odorante mirra numa salva; 
plena de alegria, ergue-se uma cratera, 
à mão está outro vinho, que promete jamais falar, 
vinho doce, nas jarras cheirando a flor; 
pelo meio perpassa sagrado aroma de incenso, 
fresca é a água, agradável e pura; 
ao lado estão pães tostados e suntuosa mesa 
carregada de queijo e espesso mel; 
no centro está um altar todo recoberto de flores, 
canto e graça envolvem a casa. 
É preciso que alegres os homens primeiro cantem os deuses 
com mitos piedosos e palavras puras. 
Depois de verter libações e pedir forças para realizar 
o que é justo — isto é que vem em primeiro lugar —, 
não é excesso beber quanto te permita chegar 
à casa sem guia, se não fores muito idoso. 
E de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres 
como a memória que tem e o desejo de virtude, 
sem nada falar de titãs, nem de gigantes, 
nem de centauros, ficções criadas pelos antigos, 
ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil. 
Ter sempre veneração pelos deuses, isto é bom. 





 2. ATENEU, X, 413 F. 

Mas se alguém obtivesse a vitória, ou pela rapidez dos pés, 
ou no pentatlo, lá onde está o recinto de Zeus 
perto das correntes do Pisa em Olímpia, ou na luta, 
ou mesmo no penoso embate do pugilato, 
ou na rude disputa a que chamam pancrácio, 
os cidadãos o veriam mais ilustre, 
obteria nos jogos lugar de honra visível a todos, 
receberia alimento vindo das reservas públicas 
dado pela cidade e também dons que seriam seu tesouro. 
Ainda que fosse com cavalos, tudo isso lhe caberia, 
embora não fosse digno como eu, pois mais que a força física 
de homens e de cavalos vale minha sabedoria. 
Ora, muito sem razão é esse costume, nem justo 
é preferir a força física à boa sabedoria. 
Pois nem havendo entre o povo um bom pugilista, 
nem havendo um bom no pentatlo, nem na luta 
ou pela rapidez dos pés, que mais que a força física 
merece honra entre as ações dos homens nos jogos, 
não é por isso que a cidade viveria em maior ordem. 
Pequeno motivo de gozo teria a cidade, 
se alguém, competindo, vencesse às margens do Pisa, 
pois isso não enche os celeiros da cidade.



Nenhum comentário:

Postar um comentário