sábado, 14 de março de 2015

A Metafísica de Aristóteles - Capítulo 2

No capítulo II da "Metafísica", Aristóteles trata do papel do filósofo. Para o estagirita, uma preocupação filosófica central é tentar conhecer as causas primeiras, ou melhor, as causas mais fundamentais que originam todo o resto. É importante conhecer as causas primeiras porque, entre outros, essa pesquisa fornece as leis da realidade. A realidade última, ou mais fundamental, possui leis universais apreensíveis pelo conhecimento teórico. Por causa disso, Aristóteles considera que o Conhecimento Teórico ou Científico é superior ao Conhecimento Prático. Essas leis universais são verdadeiras e valem universalmente; por isso, essas leis fornecem as características de algo particular. Por exemplo, a Lei da Gravidade descoberta por Sir Isaac Newton pretende ser universal, ou seja, vale para qualquer objeto pesado existente no universo. Assim, não é necessário arremessar todas as pedras existentes para concluir que elas cairão. Nesse sentido a busca pelas causas primeiras é uma busca pela verdade, a qual só é alcançada se se pergunta pelo "por que" dos fenômenos, respondendo o "porquê" desses fenômenos. Essa busca pelos "porquês" causa admiração. Por isso, para Aristóteles, a Filosofia começa com um espanto que instiga a investigação. Aqui, Aristóteles se aproxima, mais uma vez, da Filosofia platônica. Vale lembrar que o prisioneiro liberto da "A Alegoria da Caverna" é movido pela curiosidade que proporciona admiração e espanto ao longo da subida rumo à saída da caverna. A busca das leis universais que estruturam a realidade, ou a busca pelas causas primeiras é o objeto da ciência filosófica. O conhecimeto teórico, como já colocado, não procura uma utilidade prática, porque a realidade última não se conforma aos nossos interesses práticos; a realidade última é soberana e absoluta. Finalizando, a busca pelas causas primeiras é a principal atividade filosófica. Podemos inferir pelo texto aristotélico, que essa atividade é uma combinação de Metafísica e Epistemologia. Também, essa atividade exige um alto grau de exercício racional. Para Aristóteles, nesse exercício se encontra a maior felicidade humana que é justamente filosofar. Na metafísica aristotélica, Filosofia é uma atividade divina.

(Comentário do Prof. Paulo Roberto Araújo)

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