OS FATOS DO FADO - Se os fatos do fado são incontornáveis, o modo de recebê-los, nossa atitude e comportamento não dependem daqueles, mas de nossa sabedoria e virtude. Aí reside precisamente a liberdade humana; não no que se padece ou se goza, mas no modo como se age e reage ao sofrimento e ao gozo, enfim ao que cai fatidicamente sobre nós. A felicidade humana reside no exercício ativo da liberdade e da razão. Ser arrastado como um escravo ou seguir livre conforme o próprio entendimento que entra em acordo com a razão cósmica universal, amor fati. Este acordo de nossa razão particular, de nossas atitudes quotidianas, com a grande razão que move o destino do mundo é o que o homem estoico também chama de conciliação, que ele buscará desde em suas ações privadas até em seus mais amplos propósitos de ativismo cosmopolita. A compreensão desta distinção entre a recepção dos fatos e a atitude que com eles se reconcilia desdobra-se a partir de uma teoria do conhecimento e das capacidades cognitivas da alma humana.
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